A tecnoancestralidade de TC Silva
Imagem: TC Silva (Antônio Carlos dos Santos Silva) tocando Kora na Casa de Cultura Tainã em Campinas (SP). Foto de Valdir P. Rodrigues Júnior (2020).
FARDIN, Sônia A. 2021. TC Silva: tecnologia e ancestralidade. In: Wenceslau Oliveira Jr.; Renata Soares da Luz (orgs.). Casa dos Saberes Ancestrais: diálogos com sabedorias africanas e afro-americanas. Campinas: BCCL/Unicamp, p.332-69.
TECNOLOGIA para VALORIZAR A VIDA HUMANA (cultura e território)
[E]u entendo tecnologia e museologia social nessa perspectiva, […] [d]e valorizar a vida, de valorizar nossa humanidade, […] [f]azer [todas] as pessoas entenderem sua importância […]. A nossa humanidade só pode evoluir quando conectada com a cultura e o território. A partir daí podemos compreender quem somos e o sentido pleno da nossa existência [som da Kora]. (TC Silva in: Fardin 2021:353)
A REDE MOCAMBOS, o DATA CENTER COMUNITÁRIO e a BAOBÁXIA (Google Fuck Off; vem sabiá-laranjeira)
A Rede Mocambos começa em 2001, a ideia de Data Center começa a ser uma preocupação nossa em 2004, quando o Ministério da Cultura sugeriu um cara da Google para conhecer nossa experiência, como território no Brasil que lida com tecnologias […]. […] [N]ós fomos pesquisar e entender o que era a Google, por que escolheram esse nome. Descobrimos que Google vem do Gugol, que é símbolo matemático, um número impronunciável, é o número do infinito, 10100, ou seja, o dígito 1 seguido de cem zeros. Aí a gente começou a ficar preocupado com essa empresa que tinha sido criada há pouco mais de cinco anos e já tinha uma pretensão tão ambiciosa. Começamos a desconfiar da Google […] [lá atrás] e a pensar no perigo dessa concentração de informação. […] [Q]uando o Vince [Vincenzo Tozzi] chega no projeto, praticamente se fixa no Brasil por causa da Rede Mocambos[…] [. A] gente já tinha os Telecentros e pensávamos na alternativa de ter uma rede de servidores nossa. Essa tecnologia foi desenvolvida pelo Vince, […] com a colaboração do Fernão [Fernão Lopes Ginez de Lara]. Naquele momento estávamos pensando em ter a nossa rede de servidores com a nossa cara, e decidimos chamar de múcuas [fruto do baobá], para não repetir essa palavra [“]servidor[”]. Quando lidamos com softwares livres discutimos liberdades, […] [e]ntão a palavra [“]servidor[”] não nos representa. […] [C]om a chegada do Vince começamos a desenvolver a ideia do Baobáxia, que é essa rede de múcuas espalhadas pelos territórios. Aí Vince volta para Itália, termina o mestrado em ciência da computação com foco na construção do Baobáxia, […] volta para o Brasil e a gente se junta com o Joey Hess […], que desenvolveu o Git annex, o sistema que é usado para o desenvolvimento da plataforma do Baobáxia. Isso é novo no mundo. Hoje são mais de 40 múcuas, sendo […] as principais: […] a Abdias, aqui em Campinas, a Kalakuta, que fica na Sicília, Itália, a De Pádua fica em Brasília e a Hyndla fica na Dinamarca[.] [E]ssas são [as] múcuas […] que fazem a sincronização e preservação de todo o acervo. A rede Mocambos atinge mais de 200 comunidades e o Baobáxia está presente em 40 comunidades. [som da Kora] […] [A] gente tá pensando inclusive de como essa coisa aí [mostra a máquina do Data Center Comunitário Livre] […] deve compor o cenário da Casa, de uma maneira que ela não se imponha por ser esse fetiche da tecnologia […] Ela tem que compor com as plantas da Casa, com o sabiá-laranjeira pegando as plantinhas para decorar o ninho ali no teto, com a saracura fazendo ninho no quintal. Olha, [TC indica o som dos passarinhos que fizeram ninho no telhado da casa] [som da Kora]. Ela [a máquina dos Data Center] tem que ser transformada numa coisa real, sabe? [som da Kora] Por mais que ela virtualize, o instrumento dela é a virtualização, nós queremos o sentido real. (TC Silva in: Fardin 2021:353-5)
O PERIGO DAS BIG TECHS (ponto de passagem obrigatória e colonização) e a BAOBÁXIA (a vida não cabe numa máquina e pássaros não usam Twitter)
A gente tá num momento que […] é muito perigoso […] [.] O que é tá nesse lugar num momento onde a colonização pega todo mundo e submete ao mesmo processo de aceitação, de pacificação […] ? […] [N]o sentido de doutrinar como um dogma, assim: “É por aqui, esse é o caminho, vinde a mim, todo mundo… Ninguém vai se não for aqui… […]”.[…] A Globo fala isso, Facebook, a Google fala isso, sabe? E todo mundo vai, […] uma fé cega, religiosa, assim, sabe? […] Porque no aspecto religioso ainda tem uma diversidade, ali não, é três lugares só, o mundo inteiro em três lugares […] com o mesmo propósito: colonizar. É muito cruel, nós temos que falar NÃO pra esse negócio aí[.] […] [É] nós que vamos levantar essa discussão, porque ela não tá presente no dia a dia […] [.] Terra, água e comunicação são os elementos de disputa no mundo, o que justifica todas as guerras. Não queremos isso. Nós queremos, sabe, falar assim [TC indica o som dos passarinhos que fizeram ninho no telhado da casa]. [som da Kora] Nós estamos vivos, nós temos que viver livres e temos que ser felizes […] [.] Eu não quero que aquilo [esses três lugares – Globo, Google e Facebook] seja o parâmetro do nosso modelo de vida […] [.] [som da Kora] Não cabe dentro de uma máquina a nossa existência, mano! Ela – a vida – é muito maior, ela tem muito mais peso, ela tem muito mais importância, […] [e]la é muito mais livre [.] […] E a liberdade nasce e vive em nós, de maneira linda[.] [N]ós somos isso, […] a gente tem que se reconhecer nisso e não naquilo. Então a gente não quer aquilo como alternativa pra nossa humanidade […] – a vida não cabe numa máquina, né? [som da Kora] Então a gente fala de tecnologia da vida […] [.] Tem ciência, tem tecnologia, tem tudo na natureza […]. Se for nessa perspectiva, a gente aceita a palavra tecnologia […] [.] Se não, que tecnologia é essa que desumaniza, que faz um brigar com o outro por coisas inúteis? Cada um existe dentro da sua plenitude, nada que não nos vê assim tem que sobreviver. [som dos passarinhos que fizeram ninho no telhado da casa] Esse é o universo inteiro e a gente vai ficar aceitando padronização de vida, de modelos? Como assim, né? [som dos passarinhos que fizeram ninho no telhado da casa] Olha o passarinho cantando, será que ele tá usando o WhatsApp ou o Telegram pra me mostrar o canto dele […] ? Então eu acho que é essa a perspectiva: a gente pensar o valor humano, de cada pessoa […] [.] Será que essa tecnologia aqui ajuda? [som da Kora] A ciência não é só o que o homem inventa, ela está presente na natureza, nos sons dos [pássaros], nas frequências sonoras dos cantos dos pássaros, nos cheiros das plantas. Para que queremos essa tecnologia que está na nossa mão agora? Nós queremos tecnologia para compreender a vida, compreender quem somos, compreender a importância de cada coisa. A apropriação tecnológica nos permite criar alternativas a esse universo que tá aí, que nos é imposto. A Rede Mocambos e o Baobáxia nos permitem pensar num outro modelo de internet, mais autônoma e mais independente. (TC Silva in: Fardin 2021:355-6)
KORA, TECNOLOGIA, NATUREZA e ANCESTRALIDADE
[som da Kora] Olha isso aqui[.] [TC mostra a Kora] [G]astei muito tempo observando como que faz isso[.] […] Isso aqui é uma Kora […], é uma tecnologia ancestral. Essa aqui é uma Kora moderna [mostra outro instrumento], uma versão contemporânea de uma coisa que é tradicional […] [.] A tradicional é mais isso aqui [mostra outro instrumento], a cabaça […] repercute o som, representa o feminino. A tradicional não usava náilon, usava tripa de antílope ou de macaco […] [.] Tinha alguns tecidos e membranas de animal possíveis de fazer cordas com sonoridade única. O próprio Stradivarius usou essas tecnologias que eram africanas pra fazer [as cordas d]os violinos dele […]. Muitas harpas até hoje têm parte das cordas delas[.] [N]em todas são de náilon ou de aço, são também de tecido animal. E usava também anéis de couro trançado, para [p]render e afinar as cordas. Imagina que o cara consegue colocar 21 cordas presas num couro e afinar com uma precisão que é espantosa[.] [P]orque a afinação do violão na escala musical implica numa questão física e matemática […] [q]ue é medida em hertz, 440 hertz a nota lá, nota universal […] [som da Kora] Eu pesquisei sobre a Kora daqui, nunca fui à África, mas as Áfricas estão dentro de mim. As Áfricas me permitem uma ponte fácil porque tão muito próximo de mim, todas as Áfricas, […] ainda mais autêntica, sem essa presença nefasta dos colonizadores […] [.] Então a tecnologia era produzida e desenvolvida a partir da observação da natureza, sempre usando elementos da natureza, […] [som da Kora] [e] ao longo de muito tempo vai se desenvolvendo, vai evoluindo e ela sempre era produzida pra atender alguma necessidade humana[.] [E]ntão [som da Kora] os instrumentos de corda africanos […] são produzidos não pra ser industrializados, […] [m]as pra cumprir o papel social. [som da Kora] Então o cara tem um instrumento e com esse instrumento ele faz a missão dele [som da Kora]. Eu vou te contar a história da nossa ancestralidade, eu só posso falar pra você [som da Kora] do que eu herdei, [som da Kora] do que eu vivi, [som da Kora] do que eu aprendi [som da Kora]. Então o processo da oralidade se fundamentava nisso [som da Kora], só posso falar do que eu herdei [som da Kora], do que eu vivi [som da Kora], do que eu aprendi e do que eu sinto. Ninguém me ensinou a plantar baobá ou construir instrumentos africanos, eu senti isso. Eu sou o que eu sinto [som da Kora]. (TC Silva in: Fardin 2021:356-7)
REDE MOCAMBOS e BAOBÁXIA como APROPRIAÇÃO TECNOLÓGICA CONSCIENTE
[som da Kora] Hoje, se faz um uso e um consumo das tecnologias sem buscar o sentido delas. O que nos faz passivos, especialmente por essas tecnologias hoje usadas assim nessa escala absurda […] [.] Digo absurda porque […] a gente ainda não desenvolveu uma consciência do uso das tecnologias, então […] a gente perde os parâmetros de medida entre o tempo que gastamos absorvidos com essas possibilidades tecnológicas e o tempo que dedicamos pra práticas de vida, de compartilhamento… Tá desequilibrado, né? […] É preocupante como chega com muita força, uma presença [perigosa,] muito dominadora na vida e principalmente das crianças, […] virtualizando a memória das crianças[.] [A]s pessoas estão construindo memórias virtualizadas […] [.] Os sonhos das crianças estão sendo invadidos, ocupados com esse excesso de informação que elas acessam […] [.] […] [D]iante disso a gente vem pensando, debatemos sobre a apropriação tecnológica, e isso não se limita à questão do domínio da tecnologia, sabe? […] Domínio é a gente ter consciência de como elas podem nos ajudar na construção da nossa humanidade, no sentido de criar uma consciência do uso delas […] [.] Uma tecnologia foi utilizada para construir esse instrumento [som da Kora]. Agora pra quê eu vou usar isso? Como vou usar isso [?] [C]omo isso vai ser incorporado na minha vida, […] [n]o meu dia a dia [som da Kora] […]? Isso é bom pra quem? É só pra mim? [som da Kora] eu desejo que seja bom pra todo mundo [som da Kora] […] [.] Então […] a gente fala de tecnologias e desenvolve tecnologias, porque a gente também entendeu assim, […] [q]ue essas tecnologias ou a gente se apropria delas, ou a gente vai acabar sendo dominado por elas, […] [j]ustamente porque elas se impõem pelo silêncio, […] [e]las não criam nenhum alerta pras pessoas, nenhuma recomendação, tipo: “acesse, mas faz mal pra saúde”. Ela não tem ainda nenhum mecanismo de alerta sobre suas consequências para as pessoas […] [.] Elas se propõem como caminho único pra salvação […] [.] O que mais causa espanto hoje é se você não tem WhatsApp, não tem Facebook e não tem celular! É um desconforto na pessoa não estar nas redes. Pois, então, aí nessa questão da apropriação da tecnologia para um mundo mais do nosso jeito, assim se pensa a Rede Mocambos e o Baobáxia, que nos permitem pensar formas nossas de viver e conviver. Que envolvem um monte de parceiros e parceiras, colaborativos, essa grande rede feita de pessoas. (TC Silva in: Fardin 2021:357-8)
RACISMO, TERRITÓRIO e A CURA DO MUNDO
Nós, temos que nos organizar para fazer luta antirracista, mas não podemos ter o racismo como nosso limite, temos que ir muito além, muito mais além. Temos que nos organizar para acreditar que nós podemos curar o mundo. A gente faz isso quando a gente partilha a capoeira, samba de bumbo, o batuque de umbigada, o jongo, o maracatu, tudo isso. A gente compartilha, e não precisa de cota para acessar nossa cultura. Nossa cultura é cura, porque é plural e é universal. Não somos vítimas, o que cabe a nós é curar o mundo, o mundo está doente e nós somos cura. Assim nasceu o Baobáxia, que é uma tecnologia bastante evoluída […] [.] É uma construção revolucionária, considerando que ela é pioneira no mundo […]. Baobáxia tem raiz e territórios concretos, as pessoas são essas raízes, assim, a tecnologia conectando lutas e memórias vivas, concretas, não é uma mera alternativa às plataformas comerciais, é busca de vencer e superar o padrão virtual imposto pelo mercado. Percebe a importância da gente ter uma rede de comunicação social nossa, uma rede concreta, uma rede de pessoas e comunidades […] [q]ue conecte esse lado do Brasil que vive na sombra […] ? Quilombolas, indígenas, ribeirinhos[,] […] organizações de cultura popular, […] [d]e Olinda, do Maranhão, da Bahia, do Rio, de São Paulo, do Espírito Santo e do Brasil todo[.] [E]sse Brasil que produz tanta cultura […] [m]as não consegue acessar justiça social […] [.] Daí que nasceu o Baobáxia, que é muito mais que mais uma tecnologia, é uma luta para garantir direitos […] para essas pessoas poderem ser Sujeito e não instrumentos e ferramentas, pra potencializar, pra produzir, pra armazenar suas memórias, […] [p]ra guardar suas sementes em uma terra, num território digital livre […] [.] É disso que falamos também quando falamos de Data Centers Comunitários Livres […] [.] Assim […] como a nossa produção de alimentos é orgânica, com essas sementes que são crioulas, […] [a]ssim é nossa luta pelo nosso direito à terra, ao território, à tecnologia […] [.] Território é que dá condição da gente assumir plenamente o direito de ser quem somos […] [.] Nossos valores, nossa identidade, […] [n]ossas memórias […] [.] Nos constituir como sujeitos plenos e plenas de nós mesmos, entendeu? E aí que o Baobáxia nasce nesse terreno, como essa ideia de potencializar nossos territórios pra que eles possam exercer com dignidade sua existência plena […] [.] Não aquela de dependência, não aquela dominação pela ignorância, […] [som da Kora] [p]elo desconhecimento das coisas que acontecem, […] [d]as manobras… (TC Silva in: Fardin 2021:360)
DUENDES ELETRÔNICOS
[TC cantando] “Canto somente porque quero cantar/ Mesmo porque nada mais posso fazer/ Além de passear no meu cometa azul dégradé/ Voado sobre a Marginal num voo cego irreal/ Pela via lógica, vejo a transa trágica do planeta se alastrar/ Pelas artérias, com plasma tóxico e mortal/ Com jogos de artifícios, duendes eletrônicos/ Megalolunáticos, traçam planos trágicos pro meu país/ Subfantástico, sub sub-tudo, sobre tudo lindo / Subitamente no farol da Brasil / Subtraídos no farol da Brasil / Subvivendo no farol da Brasil / Da Brasil, meu Brasil brasileiro/ Ouviram do Ipiranga às margens plácidas/ Da Brasil, meu Brasil brasileiro.” Chama Avenida Brasil essa música, eu tocava essa música com a Banda Zion, eu fiz ela acho que nos anos 1980 (TC Silva in: Fardin 2021:360-1)
PODEMOS SER, NÃO QUEREMOS PODER
Baobáxia é […] uma rede que se propõe a potencializar territórios, […] [i]nstrumentalizar [e defender] os territórios, defender suas memórias, […] pra poder existir plenamente, […] [s]e organizar dentro do território através do trabalho livre […] [.] [T]erra, semente, trabalho e liberdade. Semente, criança e futuro. Terra, água, comunicação e poder. Poder de ser o que somos, nascemos pra ser, poder de se sentir, sabe? Não pra poder dominar os povos […] [.] [som da Kora] Se o poder só pode ser esse, então não é o poder que a gente quer, a gente quer outra coisa, prefiro ficar só com a liberdade [som da Kora]. Somos e podemos ser o que somos [som da Kora]. Podemos ser, né? [som da Kora] Não queremos poder [som da Kora]. (TC Silva in: Fardin 2021:361)
PALMARES DE NOVO (tirando o sono de muita gente)
[C]omo é que nós vamos adequar isso aí [o Data Center Comunitártio] pra caber no espaço, […] [s]em se impor dessa forma aí [?] […] [V]amos grafitar ela, vai ter outra cara. […] [A] gente tá indo pra um lugar que eu sinto que agora é para aprender a conhecer e ter domínio, domínio, […] se colocar no lugar da observação do tempo que nós estamos vivendo[.] […] Tem uma mudança muito grande aí […] [.] A gente fala “vamos fazer do nosso jeito”, mesmo sem saber que jeito que é […] [.] Então a gente vai ter que experimentar formas, né? […] Hoje temos também a TV Tainã, uma TV nossa, feita por nós, sobre nós e para nós. Para mostrar de onde viemos e o que somos. Memória, tecnologia, criança e semente… aonde a gente vai com isso? Palmares foi destruído porque […] o opressor tinha uma tecnologia que Palmares não tinha[.] [A]gora nós temos a mesma tecnologia e aí… Palmares de novo, Palmares! […] Isso não vale nada se não for pra construir uma outra consciência. (TC Silva in: Fardin 2021:362-3)
Palmares não tinha a tecnologia para se defender, mas tinha consciência da luta unificada ali, tanto que estremeceu as estruturas do poder, […] [e] foi o maior investimento no combate no Brasil[.] […] [O] nível do investimento pra combater Palmares nas 17 batalhas e invasões que Palmares sofreu, foi muita grana, não se gastou igual em outras guerras internas no Brasil, entendeu? Tanto que eles importaram tecnologias de guerras necessárias pra dar conta[.] […] Zumbi e Dandara não tinham a tecnologia da sua época, né? Mas agora temos! É, isso é de tirar o sono de muita gente, entendeu? (TC Silva in: Fardin 2021:364)