Abdução (Peirce 1902; 1905)
PEIRCE, Charles S. 1974. Conferências sobre pragmatismo. (Trad. Armando M. D’Oliveira; Sergio Pomerangblum) In: Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, pp.11-66 [1902; 1905]
TRÊS TIPOS DE RACIOCÍNIO (dedução, indução e abdução):
(Peirce 1974:50)
ABDUÇÃO:
Abdução é o processo para formar hipóteses explicativas. É a única operação lógica a introduzir idéias novas; pois que a indução não faz mais que determinar um valor, e a dedução envolve apenas as consequências necessárias de uma pura hipótese. […] Dedução prova que algo deve ser; Indução mostra que algo atualmente é operatório; Abdução faz uma mera sugestão de que algo pode ser. (Peirce 1974:52)
Não se pode fornecer nenhuma razão para justificá-la, que eu saiba; mas também não precisa, pois só oferece sugestões. (Peirce 1974:53)
Tem que se estar completamente louco para negar que a ciência fez muitas descobertas verdadeiras. Mas todos os elementos de teoria científica que foram estabelecidos até hoje foram-no através da Abdução. (Peirce 1974:53)
NADA DE ERRADO COM A ABDUÇÃO:
[N]ão há nada de errado em usar observações especiais de maneira puramente abdutiva para lançar luz em doutrinas estabelecidas por outras vias, e auxiliar o espírito a entendê-las. (Peirce 1974:58)
ABDUÇÃO É INFERÊNCA LÓGICA:
Deve ser lembrado que a abdução, embora pouco estorvada por regras lógicas, é, não obstante, uma inferência lógica (Peirce 1974:60)
ABDUÇÃO como INFERÊNCIA:
O fato surpreendente C é observado; Ora, se A fosse verdade, C seria um fato natural; Assim, há razão para suspeitar que A é verdadeiro. (Peirce 1974:60)
ABDUÇÃO, INSIGHT e ASSOCIAÇÃO:
[A]s nossas primeiras premissas, os juízos perceptivos, devem ser considerados como um caso extremo de inferências abdutivas, diferindo delas por se encontrarem absolutamente fora de análise. A inspiração abdutiva acontece em nós num lampejo. É um ato de insight, embora extremamente falível. É verdade que os elementos da hipótese estavam antes em nossa mente; mas é a idéia de associar o que nunca antes pensáramos em associar que faz lampejar a inspiração abdutiva em nós. (Peirce 1974:57)
INSIGHT, INSTINTO:
[O Insight] [t]em a natureza do Instinto, sendo semelhante aos instintos dos animais no ultrapassar o poder da razão e no sentido de guiar-nos como se estivéssemos de posse de fatos inteiramente fora do alcance dos sentidos. Assemelha-se ao instinto também pela reduzida tendência ao erro; embora erremos frequentemente, a frequência relativa com que acertamos é a coisa mais maravilhosa de nossa constituição animal. (Peirce 1974:53)
INSTINTO E RAZÃO:
(Peirce 1974:54)
PRAGMATISMO e ABDUÇÃO:
[O] problema do pragmatismo é o problema da lógica da abdução. (Peirce 1974:62)
MÁXIMA DO PRAGMATISMO:
A máxima do pragmatismo afirma que uma determinada concepção difere de outra na medida em que possa modificar diferentemente nossa conduta prática. (Peirce 1974:62)
JUÍZO PERCEPTIVO
Para mim um juízo perceptivo é um juízo que sou forçado a aceitar por processo que escapa ao meu controle e que por isso não posso analisar. (Peirce 1974:49)
LOGOS DO MUNDO ESTÉTICO:
[U]ma certa teoria da percepção parece estar incluída na percepção. (Peirce 1974:58)
PERCEPÇÃO:
[T]oda a forma lógica do pensamento é dada na percepção. (Peirce 1974:62)
PERCEPÇÃO=/=REALIDADE:
(Peirce 1974:59)
É NO INTERVALO ENTRE A REALIDADE E NOSSA INTERPRETAÇÃO DA REALIDADE QUE SE INSTALA O JUÍZO PERCEPTIVO/ABDUTIVO:
(Peirce 1974:59)
JUÍZO PERCEPTIVO=/=JUÍZO ABDUTIVO:
Não somente acho que todo elemento geral da hipótese, seja grosseira ou sofisticada, é dado na percepção, como até acho que qualquer forma geral de associar conceitos (…) é fornecida na percepção. Para decidir se assim é, impõe-se ter uma noção clara da diferença precisa entre juízo abdutivo e perceptivo, que é o caso-limite do primeiro. O único sintoma para distingui-los é que não podemos imaginar o que seria negar um juízo perceptivo. […] Uma sugestão abdutiva, contudo, é algo cuja verdade pode ser questionada ou até negada. (Peirce 1974:59-60)
JUÍZO PERCEPTIVO é INCONSCIENTE:
[O] juízo perceptivo é o resultado de um processo, não suficientemente consciente para poder ser controlado, ou, antes, não controlável e, portanto, não plenamente consciente. Se tivéssemos que submeter este processo subconsciente à análise lógica, veríamos que ele desemboca numa inferência abdutiva baseada por seu turno em outra inferência abdutiva, e assim ad infinitum. A análise efetuada seria análoga precisamente à do sofisma onde Aquiles persegue a tartaruga e seria incapaz de representar o processo real pela mesma razão. Da mesma forma que Aquiles não é obrigado a fazer toda aquela série de movimentos, assim, no decurso do processo de formação dum juízo perceptivo (uma vez que é subconsciente e inacessível à análise lógica), não têm por que aparecer aqui atos distintos de inferência, ocorrendo apenas um processo contínuo. (Peirce 1974:58)
INCONSCIENTE:
[N]ossos pensamentos logicamente controlados compõem uma pequena parte da mente, mera florescência de um vasto complexo que podemos chamar a mente instintiva, e no qual não se tem fé, pois isso implica a possibilidade de suspeita, mas sobre o qual é edificada, afinal, toda a verdade da lógica. (Peirce 1974:65-6)
ZONA INCONTROLADA DA MENTE:
(Peirce 1974:61)
ESCHER:
(Peirce 1974:58)
CIÊNCIA E MAGIA:
(Peirce 1974:53)
TESE DA INCONCEBILIDADE:
(Peirce 1974:60)
PSICOLOGIA =/= LÓGICA:
(Peirce 1974:61)
QUESTÕES:
De onde vem a necessidade dedutiva, a probabilidade indutiva ou a expectativa abdutória? (Peirce 1974:62)
EXPERIMENTO (interrogar a natureza):
(Peirce 1974:52)
POLÍCIA DO PENSAMENTO:
Os elementos de um conceito penetram no pensamento lógico pela porta da percepção e saem pela porta da ação intencional; e o que não puder mostrar seus passaportes em ambas as portas deve ser preso como não-autorizado pela razão. (Peirce 1974:66)