Por um perspectivismo fotográfico, ou: “o fim da era dos ultrapassados penteados de cabelo dos jornalistas televisivos” (Nogueira 2013)
NOGUEIRA, André. 2013. Alguém por acaso pergunta que horas são no olho do furacão? Ô, Xavante! 22(3):5-6.
[P]ois, que imparcialidade é essa de um jornalista que, fazendo a cobertura de um protesto, sai de lá sem se ter despenteado? Sinal de que não passou pelo olho do furacão. Assim, a questão da objetiva é que ela, enquanto registra a imagem, está sempre apontando uma direção, ocupando portanto uma posição, o que, num ambiente de luta, significa já um posicionamento, ou seja: posicionar-se, com a câmera, diante de um problema. Verifica-se que os jornalistas da mídia burguesa se encontram fotografando a partir do ângulo detrás dos escudos da PM e, enquanto ela dispara, vão avançando com ela, disparando fotos na mesma direção (e defendem que isso é imparcial!!); já os midialivristas estão de frente para a PM e, enquanto vão levando bala, recuam, mas contra-disparam, e é desse contra-disparador que necessitamos, uma presença vidente que não seja uma mera cobertura da informação, mas que se insira no conflito como parte da estratégia de luta, no que a visão bem colocada se reverta em ação bem direcionada. (Nogueira 2013:6)