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Memória e reticulação (Carruthers 2011)

Memória e reticulação (Carruthers 2011)

CARRUTHERS, Mary. A técnica do pensamento: meditação, retórica e a construção de imagens (400-1200). (Trad.: José E. Maiorino) Campinas: Editora da Unicamp.

CENTELHA
“Uma centelha potencial está fria na pederneira, e jaz oculta no aço, mas é transformada em chama quando o aço e a pederneira são batidos um no outro. De maneira similar, quando uma palavra obscura é reunida ao significado, ela começa a brilhar. Certamente, se não houvesse significados místicos, não restaria qualquer distinção entre o infiel e o crente.” (Pedro Crisólogo, apud Carruthers 2011:81)

REDES MENTAIS
[O]s significados “místicos” são aqueles ocultos nas redes de memória dos cristãos instruídos, parte de sua paideia compartilhada. O que é importante é que, para um membro da counidade, uma palavra “brilhará” com significados associados. […] Note-se que não se diz da palavra “obscura” que ela própria tenha um conteúdo: em si mesma, ela é sem luz. Ela só começa a brilhar quando o “significado” lhe e trazido pelas reds mentais de alguém. É a habilidade de fazê-la brilher, e não qualquer conteúdo específico, que Pedro Crisólogo pensa ser crucial. (Carruthers 2011:82)
Onde se deveria ver um morcego (se se estivesse adequadamente “por dentro”), algumas pessoas (inclusive eu) viam um conjunto de dentes no estilo Rolling Stones, em redor de uma boca aberta, e somente com um esforço consciente éramos capazes de ver o que se esperava que víssemos. O que quero mostrara aqui não é que eu estava errada sobre o objeto que essa imagem estava “representando”: o ponto é que aquilo que a forma “representava” dependia exclusivamente de qual era a rede de associações recordadas à qual eu a estava conectando. (Carruthers 2011:82)

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